A CIP iniciou um Ciclo
de Conferências subordinadas ao tema "Economia
Portuguesa/Competitividade e Crescimento"
No passado dia 9 de
Julho decorreu na ACP a Conferência – “O Processo de
Reforma do Estado – O Estado Social e o Crescimento
Económico”.
O Debate moderado por
Manuela Ferreira Leite, teve como oradores António Bagão
Félix, Suzana Toscano, Maria de Lurdes Rodrigues e Luís
Valadares Tavares.
A CIP tendo considerada
a PASC, com as suas actuais 35 Associações, Parceira da
Sociedade Civil convidou-a a participar, tendo esta
estado representada pela sua Coordenadora, que elaborou
a síntese abaixo:
De realçar a qualidade
das intervenções e sobretudo a grande conver-gência na
análise da situação e nas soluções apontadas.
Em anexo a Intervenção
de Abertura e as Conclusões da Conferência proferidas
por António Saraiva, Presidente da CIP.
A partir destes
textos, fundamentais, em particular no momento actual, e
respeitando o seu conteúdo sublinha-se:
• As Empresas estão
preocupadas com as condições que determinam o seu
funcionamento e o seu desempenho. As Empresas não estão
apenas preocupadas com os factores que directamente as
afectam financiamento, fiscalidade, energia,
reindustrialização, justiça ou muitas outras que directa
e indirectamente condicionam e influenciam a actividade
económica, os projectos das empresas, o investimento e o
emprego. Têm uma noção mais ampla do Interesse
Nacional.
• A CIP elegeu, para a
prossecução dos seus objectivos estratégicos dominantes,
a defesa de três grandes prioridades para a economia
portuguesa em 2013:
-
Promover a
Internacionalização;
-
Promover a
Reindustrialização;
-
Concretizar a Reforma do
Estado;
• A CIP tem defendido um
forte compromisso para a redução estrutural da despesa
pública, de modo a atingir, a prazo, um peso no PIB
consentâneo com um nível da carga fiscal e parafiscal na
economia. que permita uma maior competitividade externa
e uma maior capacidade de atracção de investimento;
• Tal objectivo só será
possível mediante a redefinição do papel do Estado na
economia e uma reforma profunda de toda a Administração
Pública e do Sector Empresarial do Estado;
• A Reforma do Estado
não pode ser feita olhando apenas na sua função – que
também a tem – de patrão e de empregador. Esta é uma
função que o Estado tem assumido e que, talvez, lhe
tenha condicionando as opções. Um Estado que se assume
apenas enquanto empregador é levado a recear mais pelos
efeitos que as suas políticas tenham no emprego do que
pelas consequências que terão na eficiência e na
eficácia. Essa poderá ser uma das razões do enorme
atraso na Reforma do Estado.
• O Estado para ser
eficiente tem que saber exactamente quais são as suas
funções e quais as suas responsabilidades;
• O Estado tem que saber
fazer bem feito o que lhe compete e tem que abandonar o
que cabe a uma Sociedade organizada fazer.
• É necessário definir
onde o Estado deve estar e intervir, com que meios, o
deve fazer, quanto custa esse Estado, quais os recursos
de que necessita para se sustentar e onde colhe esses
recursos.
Não se trata apenas
da redução da despesa pública. A
Sociedade Civil organizada tem obrigação de se
pronunciar sobre como atingir este objectivo.
Consequentemente deve participar nesta reforma
contribuindo para definir - quais os seus objectivos -
que devem ir para além dos meros resultados financeiros
– bem como metodologia para a realizar.
• A Reforma do Estado
não pode continuar a ser confundida com o tema Reforma
da Administração Pública. São temas diferentes e como
tal devem ser tratados.
• No entanto, o que for
feito na Reforma da Administração Pública tem que
resultar das definições que ocorram no quadro da Reforma
do Estado.
• A questão da Reforma
do Estado é uma questão de falta de meios ou uma questão
de falta de Visão?
• A Reforma do Estado
não deve surgir para reduzir desequilíbrios orçamentais
mas, principalmente para:
-
Adequar o Estado à Visão
e às Estratégias de Desenvolvimento pretendidas para
Portugal;
-
Estabelecer as Políticas
Públicas decorrentes dessa Visão e dessas
Estratégias;
-
Organizar os aparelhos
administrativos do Estado que permitam
concretizá-las com eficácia e eficiência;
-
Afectar os recursos
públicos possíveis à sua utilização de acordo com as
disponibilidades nacionais.
• A Reforma do Estado
deve ter como objectivos importantes:
-
Ganhar eficiência
gerindo os recursos públicos de forma a garantir um
melhor serviço público, com os mesmos recursos;
-
Garantir que a
intervenção do Estado não se transforma num bloqueio
para a iniciativa individual, o desenvolvimento da
actividade económica e o funcionamento das
instituições públicas e privadas num quadro de
competição regulada.
-
Os serviços públicos têm
que ser reconhecidos pela sua utilidade e pela
importância que têm para os cidadãos.
• A Reforma das
Administrações Públicas, implica:
-
Apreciar o seu mérito;
-
Reforçar o seu sistema
de avaliação de desempenho;
-
Oferecer rescisões
amigáveis aos menos qualificados;
-
Reforçar as competências
especializadas, através de formação e de
contratações apropriadas;
-
Reduzir o desperdício a
Zero;
• A Reforma da
Administração Pública deve assentar na lógica do serviço
que presta. O resultado será uma estrutura mais
eficiente, mais eficaz, consumindo menos recursos e
propiciando um serviço público de maior qualidade.
• O Estado Social
desenvolveu-se com uma crescente afirmação e
estruturação dos poderes do Estado, que evoluiu de
mínimo, ou assistencialista, a providencial e a garante
do bem-estar, e as sociedades modernas correspondem com
maior ou menos grau a esta organização;
• Este sistema de
garantia e segurança levou à dinamização da economia e à
iniciativa individual.
• Em contrapartida,
atenuou-se fortemente a noção de solidariedade e
alimentaram-se individualismos, ao mesmo tempo que
aumentava a dependência dos poderes políticos.
• A CIP considera que há
que transformar um Estado que abafa e tolhe a
responsabilidade da sociedade, num Estado
possibilitador.
• Um Estado que, ao
invés de criar dependências, promova a autonomia e a
iniciativa da Sociedade Civil.
• Um Estado que fomente
uma cultura de partilha de riscos e que assegure a
igualdade de oportunidades.
• Alterou-se o tempo e o
espaço das decisões e os poderes públicos enfrentam hoje
uma limitação à sua soberania, ficando em risco os
objectivos de justiça social e desprotegendo os cidadãos
diante dos novos e antigos riscos.
• A gestão desta mudança
exige consciência dos riscos mas também uma noção clara
do que deve ser preservado no inevitável processo de
adaptação.
• O que está em causa
deve ser séria e profundamente discutido na Sociedade,
sem sofismas, preconceitos ou maniqueísmos.
• Podem condensar-se as
seguintes opções:
-
Sistema público
totalizante ou sistema misto baseado numa
complementaridade responsável?
-
Soluções óptimas mas
inexequíveis ou soluções de segunda ordem
exequíveis?
-
Menos Estado ou melhor
Sociedade?
-
Visão determinista e
impositiva do aforro ou alguma liberdade de escolha?
• Em qualquer caso, o
Estado Social deve assentar nos seguintes pontos:
-
Reconhecimento da
protecção social universal como um bem público;
-
Não confusão entre
provisão pública de direitos sociais e a sua
produção pública, com a afirmação plena do princípio
da subsidiariedade social;
-
Conjugação gradual,
sensata e equilibrada entre a protecção social e a
liberdade de escolha;
-
Conjugação integral
entre direitos e deveres sociais;
-
Promoção da família como
núcleo natural de solidariedade geracional.
• A verdadeira reforma
do Estado – e em particular a reforma do Estado Social –
passa por aumentar a produtividade.
• Só há melhor
redistribuição se houver criação de riqueza.
• Não cabe ao Governo
indicar o caminho às Empresas.
• Compete ao Governo
facilitar esse caminho e remover os obstáculos que
continuam a levantar-se: custos de contexto absurdos e
desmotivadores, como uma burocracia pesada e quase
obsessiva e uma multiplicidade de taxas que penalizam a
competitividade e consomem tempo e recursos das
empresas.
A
Reforma do Estado é um tema que diz respeito a toda a
Sociedade Civil e não penas ao Governo e aos partidos
políticos;
A
Reforma do Estado deve ser objecto de um compromisso de
futuro, envolvendo todas as forças políticas e sociais,
num pacto consistente e firme, no qual todos se
comprometam decididamente e com determinação de cumprir
e fazer cumprir.
A
Reforma do Estado é um tema de Todos
A Coordenadora da PASC
Maria Perpétua Rocha
A síntese acima respeitou
o conteúdo das intervenções do Senhor Presidente da CIP,
que se anexam em formato PFF
ABERTURA
- Conferência
"Reforma do Estado"
CONCLUSÕES
-
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