Gabriel Caldas de Antas de Barros
(1951-2002)

 

.. ao saudoso Antas de Barros

O Gabriel era um rapaz “sui generis”!

Penso que exercia a profissão de advogado na cidade de Braga, capital da província setentrional que foi berço da sua existência.

O Gabriel, tal como eu, integrou o 22º CFORN, na classe de Fuzileiros.

Um dia, no alvor de uma fria manhã de Fevereiro do já longínquo ano de 1974, enbarcámos, nove, para juntos cumprirmos comissão de serviço na então Província Portuguesa da Guiné.

Era um rapaz aprumado aquele quarto oficial do 5º destacamento de Fuzileiros Especiais...

Cioso das suas origens minhotas e orgulhoso por envergar a farda da Marinha, recordo, não raras vezes, vê-lo colocar, com inigualável altivez, a boina azul ferrête com o ferro doirado da Marinha, com que, naqueles tempos, eram distinguidos os melhores entre os melhores.

 

 

 

 

Gabriel Antas de Barros (à esq.) e José Carrajola Horta (à dir.), dando as boas vindas a um novo “Pira di Marinha”, José Ribeiro Andrade (ao centro)

Admirava-lhe o esmero, a fidalguia, o espírito indomável, a generosidade, e a enorme voluntariedade e prontidão para toda e qualquer missão, “por rios e tarrafos”, de que se havia com tranquila eficácia e rigoroso zelo.

Auscultava nele o sonho, grandioso, de servir a sua Pátria, acima de tudo, contra ventos e marés, com honra, valentia e inestimável dignidade... Era exemplar no brio e na tradição!

Corriam, então, os anos meãos das sua efémera passagem por este destino terreno que, precocemente, interrompeu.

A notícia chegou brutal, inexorável, há alguns precisos meses!...

Uma curva da estrada atirou a moto que conduzia para um destino sem retorno. Ele, não tenho dúvida, seguiu o seu caminho que leva a uma nova luz. E lá, no reino dos Justos, reservado terá o lugar de todos aqueles que têm um coração universal, do tamanho desse Mar sem fim, que cruzámos, e que tanto deram na Terra!

Apesar de tardia (mea culpa), esta humilde homenagem ao amigo que dava pelo nome de Gabriel Caldas de Antas de Barros, não pode deixar de ser feita!

Fomos, afinal, camaradas de armas e companheiros de missão.

Que Deus o receba na Luz da Sua infinita glória!

 

José Manuel Carrajola Horta
22º CFORN

 

Nota: Dados do nº 14 da Revista da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval (Julho 2002)

 

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