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A Reserva Naval da Marinha de Guerra encarnou,
para todos os Oficiais que por lá desfilaram,
muito mais do que uma forma, dita civilizada, de
cumprimento do serviço militar obrigatório.
Ao tempo, uma opção pessoal possível num
percurso universitário completo ou em vias de o
ser, passagem obrigatória no rumo de vida
traçado, ao serviço da cidadania.
Diria melhor e mais correctamente, da Pátria.
A evasão temporária ao amplexo paternalista,
algum inconformismo e a necessidade inadiável de
transpor aquela linha no horizonte terão sido
algumas das motivações.
Outras tantas, eventualmente condicionadas por
aspectos pessoais, profissionais, familiares e
também económicos.
De um lado, incertezas, anseios, dúvidas
tumultuosas e algumas perspectivas goradas, mas
também natural confiança e esperança. |
Do outro, o salto no desconhecido, arrojado mas
sonhador, a aventura e o desejo de bem cumprir.
Se para muitos configurou uma escolha
alternativa no desempenho de um dever cívico,
para outros terá representado uma ponte
provisória para a vida profissional.
Ainda para alguns, em menor número, a própria
carreira profissional, mais tarde.
Escola Naval, viagem de instrução e juramento de
bandeira marcaram, em sucessão, formação,
camaradagem e também crescimento.
Em cenários de guerra como Moçambique, Angola e
Guiné, mas igualmente em S. Tomé, Cabo Verde,
Macau, Timor e
também no Continente, mais de três mil e
quinhentos Oficiais da
Reserva Naval desempenharam funções ao serviço
da Marinha de Guerra Portuguesa.
A navegar, em terra ou nos fuzileiros, todos
fazendo parte do transbordante testemunho de
solidariedade, generosidade e convívio
partilhado com as Unidades e Serviços onde
permaneceram.
Ombreando com militares e camaradas de outros
ramos das Forças Armadas.
Ganhando acrescido sentido de responsabilidade e
maturidade.
Grangeando pelo cumprimento, pelo exemplo e pela
dedicação, a amizade, admiração, respeito e
camaradagem de superiores, subordinados e
populações com que contactaram.
Na memória que o tempo não apaga, esfumam-se
relatos, acontecimentos, documentos, registos,
afinal História.
No espírito da
Reserva Naval, um passado comum a preservar.
Uma palavra para todos aqueles que nos deixaram
prematuramente, chamados para a última viagem.
Estarão sempre connosco!
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Manuel Lema Santos
8º CEORN - 1965 |
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