Listagem completa do 23.º CFORN
Foi
o segundo curso realizado no ano de 1973 que, a exemplo de anos
anteriores, foi assinalado pela incorporação de dois cursos de
formação de oficiais da Reserva Naval.
Na foto abaixo, legendada, figura a classe de Fuzileiros do 23º
CFORN em que os cadetes fardados com o uniforme 3B foram aprovados
como fuzileiros navais (FZ) e os uniformizados de camuflado como
fuzileiros especiais (FZE).
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Foto de família da
classe de Fuzileiros do 23.º CFORN. |
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Da
esquerda para a direita, fila de trás, em cima:
João Almeida Encima, Fernandes*, João Cortez Pinto, Fernando
Gomes dos Santos, Mário Moreira Costa, António Gomes Miguel,
Joaquim Lourenço Gonçalves, Benjamim de Jesus Correia,
António Areias de Carvalho e Elísio Amaral Neves.
* Este cadete Fernandes, por decisão final do
Conselho Escolar foi reprovado, sendo alistado
posteriormente como grumete.
3ª fila:
António Ferreira Leite, Henrique Barros Geraldes, José da
Conceição Gois e Armindo Gonçalves Costa.
2ª fila:
Henrique Ulrich Anjos, José Bustorff Silva, José Pereira
Simões, 1TEN EMQ David e Silva (QP’s), 1TEN EMQ Pedereira
Carneiro (QP’s), 1TEN M Vargas de Matos (QP’s), José Mota
Rodrigues, José Lopes Pires (sentados) e José Pires Marinho
(de pé).
1ª Fila, à frente:
Jorge Lopes Gonçalves, João Nunes Peres, Armando Canto e
Silva, Manuel Vaz Martins e José Pereira de Sousa (de pernas
cruzadas).
O despacho Ministerial n.º 63 de 23 de Maio de 1972,
relativo aos Cursos e Instruções para Oficiais, Cadetes,
Sargentos e Praças para o Ano Escolar de 1972/73,
estabelecia as bases de recrutamento para os 22.º e 23.º
CFORN’s prevendo a incorporação de 181 cadetes.
Entretanto, fora modificado o
regime de promoções dos Aspirantes RN designados para
prestar serviço nas províncias ultramarinas em comissões de
duração superior a um ano. Até então, os Aspirantes eram
promovidos a Sub-tenente na data de embarque para o ultramar
mas, a partir do 22.º CFORN essa promoção foi substituída
pela graduação.
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Em cima, António José de Oliveira Brás - LFP
"Rigel", António Borges Santos Silva - LFP "Altair" e Emídio
Rafael Moreira Veloso - LFP "Pollux".
Em baixo, Eurico Teixeira Ladeira - LF "Dom Jeremias" e José
Manuel Nogueira Soares - LFP "Espiga". |
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O 23.º CFORN foi
alistado em 30 de Agosto de 1973 e concluiu-se a 27 de Março de
1974. Foram incorporados 81 cadetes assim distribuídos pelas várias
classes: 27 cadetes na classe de Marinha, 6 cadetes na classe de
Engenheiros Maquinistas Navais, 24 cadetes na classe de
Administração Naval e 24 cadetes na classe de Fuzileiros.
Comandava a Escola Naval o Contra-Almirante José Augusto Barahona
Fernandes e foi Director de Instrução o Capitão de Mar-e-Guerra
Eugénio Eduardo da Silva Gameiro.
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O
Contra-Almirante José Augusto Barahona Fernandes,
Comandante da Escola Naval e o Capitão de
Mar-e-Guerra Eugénio Eduardo da Silva Gameiro,
Director de Instrução. |
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No final do
período de instrução, o Prémio “Reserva Naval” foi entregue
ao cadete da classe de Marinha, Miguel Eduardo de Sampaio e
Spohr. Este prémio destinava-se a galardoar o aluno com
classificação mais elevada no conjunto da frequência escolar
e da apreciação de carácter militar.
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O
cadete RN Miguel Eduardo de Sampaio e Spohr, Prémio
Reserva Naval. |
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Durante o ano
de 1973 manteve-se o plano de modernização da Marinha, ainda
que se tenha mantido, de forma quase inalterada, o
dispositivo de navios da Armada. Foram aumentados ao
efectivo os navios-patrulha “Limpopo” e “Save”
e, já em 1974, vieram ainda reforçar aquele efectivo as LF’s
“Açor”, “Andorinha” e “Albatroz”.
No decorrer do mesmo ano de 1973, foram abatidos ao efectivo
a fragata “Vasco da Gama”, draga-minas “Pico”
e corveta “Cacheu”. Já em 1974, com a retracção do
dispositivo naval, também como consequência do final da
Guerra do Ultramar, seguiram idêntico destino os draga-minas
“Corvo”, "Angra do Heroísmo”, “S.Jorge”, “Graciosa”,
“Ponta Delgada” e “S. Pedro”, a LDG “Montante”, as LFP’s
“Bellatrix” e “Regulus”, o submersível “Narval”, o
navio-patrulha “Porto Santo” e as LFG’s “Sagitário” e
“Cassiopeia”.
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A Corveta "Cacheu". |
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Muitos oficiais da Reserva Naval
desempenharam missões e viriam ainda a fazê-lo neste tipo de navios,
quer nos entretanto abatidos quer nos aumentados ao efectivo, todos
eles tendo representando um papel relevante na História da Reserva
Naval.
Em Julho, pela primeira vez no historial da Reserva Naval o
STEN RN João António Martins Ribeiro de Carvalho foi
designado para prestar serviço no Comando da Defesa Marítima
de Timor.
Ainda se manteve a mobilização de parte dos elementos deste curso
como Comandantes, Oficiais Imediatos de navios e Oficiais de
Guarnição. No entanto, na classe de Fuzileiros, por virtude do final
dos conflitos em África, houve uma significativa redução, tendo sido
até esta data o curso em que maior número de oficiais permaneceu no
Continente. Foram designados para prestar serviço em África, ou
Continente e Ilhas, os seguintes oficiais:
Guiné (1
Oficial):
2TEN FZ RN João António Almeida Encima na CF 2.
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Bissau - No Serviço de Assistência Oficinal,
final de 1969 ou início de 1970, a LFG Sagitário - P 1131 e
uma outra LFG ainda sem chapa de protecção balística
montada*. |
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*Nota: Esta LFG
apenas poderia corresponder a uma de duas possíveis: a "Dragão" ou a
"Argos", regressadas de Moçambique em Julho de 1969 e Janeiro de
1970, respectivamente, e que para ali tinham seguido da Guiné, em
1964, sem aquelas protecções da zona da casa das máquinas, motores
auxiliares e toda a área circundante da ponte. O facto de a LFG
"Sagitário" ter estado imobilizada durante todo o mês de Março de
1970, faz crer ser este o tempo correcto para a situação relatada.
Pelas 22:30 horas
do dia 20 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado à porta
da sua residência em Conacry, num crime atribuído “convenientemente”
á PIDE/DGS por uma opinião pública internacional acicatada pelos
países africanos. Aristides Pereira assume funções como chefe
interino do PAIGC.
No mês de Março surgem no teatro de operações da Guiné os mísseis
terra-ar Strella os quais, tendo como alvo as aeronaves, surtem um
tremendo efeito negativo na FAP e, consequentemente, nas operações
militares.
A 25 de Março foi abatido um Fiat G-91 no Cantanhês, pilotado pelo
TEN Pessoa que se ejectou com sucesso e, três dias depois, na região
de Madina do Boé uma parelha de Fiats G-91 é atacada com arma
desconhecida. Um dos pilotos, 2º Comandante da Zona Aérea de Cabo
Verde e Guiné, TCOR Brito ao picar para tentar identificar o alvo
foi atingido, ficando desfeito e morrendo o piloto. O seu asa
conseguiu regressar à base.
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Os grandes transportes logísticos efectuados
pelas Lanchas de Desembarque Grandes na Guiné. Ali se
encontravam estacionadas as LDG's "Alfange", "Montante" e
"Bombarda" |
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Na primeira semana de Abril um T6 é
abatido por um míssil Strella e despenhou-se causando a morte ao
piloto. No dia 6 é novamente abatido um DO 27 onde o Major Mariz
Martins, comandante do COP 3, efectuava um reconhecimento visual (RVIS),
não havendo sobreviventes.
Em 8 de Maio é iniciada pelo PAIGC uma violenta ofensiva contra
Guidage, junto à fronteira do Senegal. Em 11 de Maio grupos de
combate dos DFE’s 1 e 4 são enviados para o reforço da defesa
daquele aquartelamento, sofrendo uma baixa no dia 13.
No dia 18 de Maio, comandado por João Bernardo “Nino” Vieira o
inimigo desencadeia uma violenta ofensiva contra Guileje, localidade
no sul da Guiné que, situada num ponto vital da rota de
abastecimento do PAIGC, sem acesso por via fluvial, ficava
completamente isolada.
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Uma imagem corrente frente ao cais do
Pijiguiti: uma LDM - Lancha de Desembarque Média, dois
pequenos cargueiros e um batelão, vendo-se ao fundo o ilhéu
do Rei. |
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De 18 a 22 de Julho decorre o 2.º
Congreso do PAIGC que fez a revisão geral dos estatutos elegendo
Aristides Pereira como secretário-geral afirmando ser intenção do
PAIGC proclamar a independência, constituir um governo e criar
estruturas administrativas.
Em 6 de Agosto, o General Spínola regressa à Metrópole e é exonerado
do seu Comando, sendo substituído a 28 do mesmo mês pelo general
Bettencourt Rodrigues como Governador-Geral e Comandante-Chefe.
No mês de Outubro, mais uma vez os aliados americanos jogam a sua
cartada no cenário internacional. O Senado proíbe a Administração de
conceder a Portugal qualquer ajuda que permita a manutenção do
“Regime Colonial”. Por sua vez, nesse mesmo mês, o Governo Português
concede autorização aos EUA para utilizarem a Base das Lajes, nos
Açores, como escala de apoio a Israel na guerra do Yom Kippur.
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Uma invulgar perspectiva da disposição de
unidades navais no plano inclinado do Serviço de Assistência
Oficinal. Em primeiro plano, a popa da LFG "Sagitário"
parece bloquear o avanço de uma LDM. |
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Em Dezembro já a confiança nos aéreos se
tinha restabelecido e, conhecida a estratégia a utilizar para
minimizar o efeito dos mísseis Strella, recomeçaram os voos com
alguma normalidade, embora com redobrados cuidados.
No princípio de 1974, da Conferência Afro-Árabe sobre petróleo
sobressai a resolução que proíbe o acesso aos portos dos países
árabes de navios que transportem petróleo destinado à África do Sul,
Rodésia e Portugal.
Já então se começavam a processar com dificuldade as rendições das
Unidades no Ultramar devido, por um lado, ao prolongamento excessivo
de uma guerra em que alguns militares contavam já com três ou quatro
comissões e, por outro lado, à escassez de recursos materiais e
humanos.
O conflito agudiza-se. No início de Março as minas voltam a fazer
estragos no rio Cumbijã. No porto de Cufar interior, local onde
geralmente ficavam os batelões sem guarda por estarem próximo do
aquartelamento, o batelão dos combustíveis foi pelos ares, na altura
em que se encontravam vários trabalhadores a bordo, morrendo 20 a 30
estivadores a explosão.
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Provavelmente no rio Geba, duas LDM´s e por
detrás delas uma LDG, todas parecendo já em estado de
desarmamento e encalhadas no lodo. |
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Em Abril os combates travavam-se com
violência de forma generalizada, recorrendo o inimigo a métodos cada
vez mais imaginativos e letais com baixas nas nossas forças. No rio
Cacheu o PAIGC redobrava esforços para conseguir com êxito as
cambanças do Sambuiá para sul mas os fuzileiros, com base em Ganturé
opunham-se sistematicamente ao abastecimento por essa via.
Nesse mês nos dias 19 e 22 as patrulhas de botes do DFE 1 são
violentamente emboscadas nas clareiras de Jagali e Leto, sofrendo um
morto e três feridos graves. Foi o último fuzileiro a morrer em
combate no Ultramar, vítima de uma granada de RPG7.
No dia 25 de Abril o levantamento militar na Metrópole depõe o
regime do Estado Novo originando também grande confusão nos
militares que se mantinham em campanha com reacções diversas. Embora
com abrandamento a guerra mantem-se e em Junho inicia-se a retracção
das forças no terreno.
Em Bissau são reforçadas as forças de vigilância e segurança. Em 25
de Agosto, são desactivadas as unidades de fuzileiros que se
encontravam em Bolama, os DFE’ s 21, 22 e 23 que, depois de
formados, apenas entregaram o armamento distribuído com instruções
directas do respectivo comando, sendo de todo ineficaz a tentativa
de contacto por um representante do PAIGC que ali se encontrava para
o efeito.
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Outra perspectiva de uma operação logística
levada a cabo por uma LDG - Lancha de Desembarque Grande |
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Assinaladas algumas contradições
nas entregas dos diversos aquartelamentios ao PAIGC. No sul, em
Jemberém, Cameconde, Gadamael e por fim Cacine, com guarda de honra
em formatura mista, a toque de clarim do exército, procede-se à
cerimónia do arriar da Bandeira Nacional e ao içar da Bandeira do
PAIGC.
Em Vila Cacheu, o comandante* do DFE 4, excelente oficial, magnífico
operacional e grande patriota, evitando o enxovalho a que estavam a
ser sujeitas as Forças Armadas, após ter embarcado nas viaturas todo
o material, forma o Destacamento e com as honras do estilo, manda
arriar pela última vez a Bandeira Nacional e, de seguida, manda
derrubar o mastro , já que “onde esteve içada a Bandeira
Portuguesa mais nenhuma haveria de subir”. De seguida deu
ordens ao pessoal para embarcar, não aguardando sequer que alguém do
PAIGC se apresentasse a reclamar a posse das instalações antes de
serem abandonadas.
Em 10 de Setembro Portugal reconhece legalmente a Guiné-Bissau como
Estado soberano e a 30 de Outubro regressa a Portugal o DFE 5 a
última Unidade de Fuzileiros na Guiné.
* 2TEN FZE RN Pedro Henrique Malheiro Ribas
de Meneses, oficial da Reserva Naval do 16.º CFORN.
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A LDG "Bombarda", ainda com o número de
costado LDG 105 (correcto seria LDG 201) atracada na
ponte-cais em Bissau e, em primeiro plano, um bote
pneumático com elementos e equipamento da Secção de
Mergulhadores-Sapadores. |
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Fotos da Guiné
por cortesia de:
http://www.flickr.com/photos/40975948@N05/sets/72157623123586856/
Cabo Verde
(1 Oficial):
2TEN AN RN Filipe José Seita Duarte no Comando Naval de Cabo Verde.
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A fragata "Comandante João Belo". |
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Angola (12 Oficiais):
2TEN RN na António José de Oliveira Brás LFP “Rigel”, 2TEN RN
António Borges Santos Silva na LFP “Altair”, 2TEN RN Emídio Rafael
Moreira Veloso na LFP “Pollux”, 2TEN RN José Manuel Nogueira Soares
na LFP “Espiga”, 2TEN RN Luís Manuel Lourenço Paupério da Silva na
fragata “Roberto Ivens”, 2TEN FZ RN Fernando José Gomes dos Santos,
2TEN FZ RN José Manuel Lopes Pires e 2TEN FZ RN Mário Gil Moreira
Costa na CF 3, 2TEN FZ RN Henrique Maria Ulrich Anjos, 2 TEN FZ RN
José Maria Marques Bustorff Silva e 2TEN FZ RN José Maria Pereira de
Sousa na CF 5 e 2TEN FZ RN João Manuel P. Cortez Pinto na CF 9.
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A Lancha de Fiscalização Pequena "Pollux". |
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No teatro de
Angola, as acções armadas inimigas, tinham vindo a diminuir
francamente no ano de 1972 em relação ao ano anterior, salvo ligeiro
crescimento no recurso à colocação de engenhos explosivos. No
enclave de Cabinda a situação encontrava-se calma, sem iniciativa de
acções bélicas, o mesmo se passando tanto no norte como na frente
leste. Somente o Cuango revelava ligeiro aumento de actividade.
O dia 2 de Junho de 1973 ficou assinalado por um brutal incidente
que ficou assinalado como um trágico marco da guerra dos Fuzileiros,
em geral, e da Reserva Naval, em particular. Uma pequena coluna de
duas viaturas que se deslocara do Chilombo à Lumbala para ir buscar
correio, foi violentamente emboscada num percurso onde não havia
histórico de actividades hostis.
A acção causou 3 mortos e um ferido aos fuzileiros do pelotão da CF
1 que se encontrava no Chilombo a apoiar o DFE 10. Um dos mortos, o
STEN FZ RN António Bernardino Apolónio Piteira, oficial da Reserva
Naval, do 18.º CFORN, foi o único oficial da Marinha de Guerra morto
em combate durante os 13 anos de guerra.
A ofensiva internacional contra Portugal e os países do sul de
África, acentuava-se no final de 1973. O encerramento da 28.ª sessão
da Assembleia Geral da ONU marcou pela posição anti-portuguesa, ao
aceitar a alegada independência da Guiné como acto consumado e
indiscutível, definindo Portugal como potência ocupante e ilegal.
O maior perigo real era o representado pelos engenhos explosivos que
continuavam a causar estragos quando menos se esperava. A
preocupação com o transporte de pessoal a longa distâncias
constituía então uma preocupação permanente, já que a Marinha não
dispunha de meios próprios.
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Em Angola, uma LFG - Lancha de
Fiscalização Grande, navega no rio Zaire. |
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O inimigo dava mostras de estar a ceder
em todas as frentes. Em toda a região que constituía a Zona Militar
Leste, até à última semana de Janeiro apenas tinha sido registada
uma acção de fogo inimiga em reacção às forças militares
portuguesas, duas acções de intimidação contra populações e a
destruição de uma ponte pela UNITA.
Na última semana de Junho a actuação do IN era ainda mais reduzida
não se registando qualquer actividade na área de guerrilha da UNITA
registando-se o levantamento de quatro engenhos explosivos e o
accionamento de outro na área de infiltração do MPLA.
No inicio de 1974, a animosidade contra Portugal manifestada pela
comunidade internacional acentuava-se cada vez mais, espicaçada
pelos países afro-asiáticos. Os países manifestavam ou um discreto
apoio, uma neutralidade titubeante ou mesmo uma aberta rejeição à
política portuguesa, como sucedeu com a generalidade dos povos
escandinavos.
E 22 de Março, em Genebra, era adoptada uma proposta apresentada
pelos Estados do Terceiro Mundo na 30.ª sessão da Comissão dos
Direitos do Homem, no sentido de serem consideradas “as guerras
contra a dominação estrangeira, guerras contra o colonialismo e
racismo como guerras justas", tal como as guerras de
autodeterminação.
Na mesma altura era aprovada na conferência da Organização
Internacional do Trabalho, realizada em Conacry, uma resolução
apontando para a expulsão de Portugal daquele organismo.
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A LFP "Regulus" atracada em Santo
António do Zaire. |
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Sucediam-se as greves e manifestações na
oposição à guerra que, lentamente, ia crescendo nos meios operários
e estudantis portugueses, de imediato utilizada como propaganda
pelos movimentos pró-independentistas.
Em 15 de Abril de 1974, através da rádios, o MPLA difunde as suas
mensagens afirmando que, em Lisboa, circulava clandestinamente um
documento assinado pelo Movimento dos Capitães a preconizar uma
solução política para a Guerra do Ultramar, uma vez que considera a
vitória pelas armas impossível.
No dia 25 de Abril, um levantamento militar em Portugal degenerou
numa revolução que, no escasso tempo de algumas horas, depôs o
regime vigente e tomou conta do poder, elegendo uma Junta de
Salvação Nacional como modo de assegurar o imediato controlo da
Nação.
A Marinha seguia com atenta preocupação o evoluir da situação
interna do território. generalizava-se a tendência para o
desentendimento entre os movimentos emancipalistas com distúrbios em
vários locais, especialmente em Luanda, e o apelo à continuação da
luta armada até à total independência da Angola.
Entre Junho e Agosto, depois de uma larga sucessão de nomeações,
substituições e negociações entre Forças Armadas, Comandante-Chefe e
Movimentos, é nomeado um Alto-Comissário para as negociações. A
Marinha começa a retrair o dispositivo no território mantendo a
vigilância e guarda de instalações militares.
Em 15 de Outubro, depois da readmissão de Portugal na UNESCO em
Setembro, são suspensas todas as operações contra elementos e grupos
da FNLA e, a partir do dia 25 do mesmo mês, com a assinatura formal
do acordo de cessação de hostilidades entre representantes
portugueses e uma delegação do MPLA chefiada por Agostinho Neto,
terminaram oficialmente as acções violentas dos movimentos
emancipalistas em Angola.
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A LDG "Ariete" efectua uma
operação com transporte de pessoal. |
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Daquela data para a frente retrair-se-ia
progressivamente o dispositivo militar, embora continuassem a
verificar-se elevado número de incidentes, roubos e distúrbios, por
vezes envolvendo confrontos raciais. No final do ano vivia-se em
Angola um enorme caos político e social.
No meio da confusão onde grassava a "organização desorganizada",
a Marinha embora sujeita a pressões revolucionárias conseguiu manter
a coesão interna numa prévia preparação para abandonar Angola.
Moçambique
(6 Oficiais):
2TEN AN RN Eugénio Manuel Ribeiro Azevedo no Comando de Defesa
Maritima dos Portos do Lago Niassa, 2TEN AN RN Jorge Manuel Vieira
Jordão no navio de apoio logístico “San Brás”, 2TEN AN RN Manuel
Brandão de Vasconcelos Alves no Comando Naval de Moçambique, 2TEN
FZE RN Benjamim de Jesus Correia e 2TEN FZE RN José Carlos da Mota
Rodrigues no DFE 10 e 2TEN FZE RN José Joaquim Pereira Simões no DFE
11.
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Moçambique, Niassa - O Colégio de
S. Miguel no Cobué, sede de uma antiga missão
católica, onde ficaram aquartelados um Destacamento
de Fuzileiros Especiais e uma Companhia do Exército |
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Logo no início de
1973 a ONU anunciou que iria realizar em Oslo, entre 9 e 14 de
Abril, uma conferência internacional sobre o colonialismo e o
apartheid, no qual no qual iriam participar além de representantes
dos órgãos pemanentes daquela organização, representantes de nove
movimentos de libertação africanos, com enorme destaque na imprensa
mundial. Simultaneamente, grupos anti-colonialistas e contra o
apartheid, preparavam uma campanha com reuniões na Alemanha,
Noruega, Holanda, Suiça e ainda em Londres.
No estrangeiro, continuavam a levantar-se cada vez mais vozes contra
Portugal, quer por parte dos países quer mesmo por organizações não
governamentais. Em Março, foi a Organização Internacional de
Aeronáutica Civil que aprovou, em sessão relaizada na sua sede em
Nova Iorque, uma moção que afastava Portugal das suas reuniões. A
aprovação foi obtida por maioria com votos favoráveis dos países
africanos e asiáticos, e os votos contrários dos EUA, Nova Zelândia
e a maior parte dos países europeus.
Por esta altura, a Dinamarca, Finlândia e Suécia sugeriram a
colocação de uma força militar à disposição da ONU, pronta a
deslocar-se para qualquer parte do mundo. Em Moçambique fora também
constituído o Comando da Defesa Marítima do Zambeze, para apoio ao
dispositivo militar naval em operações na bacia do Zambeze e em
especial na região de Tete.
A guerra em Moçambique continuava a desenrolar-se frente a um
inimigo que evitava o confronto directo, optando preferencialmente
por espalhar minas e armadilhas em tudo quanto era estrada ou
itinerários. Apesar de muitas serem detectadas, levantadas ou
destruídas continuavam ainda a ser responsáveis pela maioria das
baixas que as nossas forças sofriam no teatro de operações.
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O Navio de Apoio Logístico "S.
Brás". |
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Os países da Liga Árabe reunidos numa
conferência de alto nível em Argel decidem cortar todas as relações
com Portugal, Rodésia, República da África do Sul e decretam o
embargo do petróleo a estes países, ao mesmo tempo que aprovam o
aumento da assistência financeira aos movimentos de libertação que
lutam contra “os regimes colonialistas” em África.
Enquanto isso, a auto-proclamada República da Guiné-Bissau é
reconhecida por 73 países; o Egipto pede a expulsão de Portugal da
OIT; a OUA/ONU pressionam o Vaticano, pretendendo que a Santa Sé
tome uma posição nitidamente desfavorável a Portugal.
No final de 1973 deixaram de ser avistados nas imediações do porto
da Beira os navios de guerra ingleses empenhados no bloqueio àquele
porto.
Em Abril, a revolução que estalou na Metrópole não teve efeitos
imediatos em Moçambique onde, apesar do notório abrandamento, as
operações continuaram até ser assinado o cessar-fogo, o que veio a
suceder em 7 de Setembro em Lusaca, entre o Estado Português e a
FRELIMO.
A confusão generalizada instala-se e, a Marinha, enquanto retrai o
dispositivo no território, tem como preocupação manter a vigilância
e segurança de instalações e população.
A 1 de Outubro o Comando Naval de Moçambique informa os comandos
subordinados de que fora acordado o cessar-fogo a partir da
meia-noite e um minuto do dia 8 de Setembro daquele ano.
Continente e
Ilhas (58 Oficiais):
2TEN RN António Augusto de Sousa Miranda na LF “Corvina”, 2TEN RN
António Manuel de Almeida Serra, 2TEN RN Joaquim José Borges
Gouveia, 2TEN RN Luís Filipe da Costa Figueiredo Teixeira, 2TEN EMQ
RN José Ricardo Crespo da Costa Simões, 2TEN AN RN António Pedro
Machado Lopes Vieira na Direcção do Serviço de Pessoal – 1.ª Rep.,
2TEN RN Carlos António da Silva Mendes no navio draga-minas “Santa
Cruz”, 2TEN RN Carlos Alberto Figueiredo dos Santos, 2TEN RN Eduardo
José Rosa Guimarães Marques, 2TEN RN Miguel Eduardo de Sampaio e
Spohr e 2TEN AN RN Renato Manuel Ferreira Feitor e 2TEN FZ RN Manuel
Vaz Martins no Grupo N.º 1 de Escolas da Armada, 2TEN RN Edmundo
José Simões Gomes de Azevedo na LFP “Açor”, 2TEN RN Eugénio Mendes
Ferreira na LF “Azevia”, 2TEN RN Eurico Cores Correia de Melo no
Comando Naval do Continente, 2TEN RN Eurico Teixeira Ladeira na LF
“Dom Jeremias”, 2TEN RN Francisco Ramos da Silva Gomes no
navio-patrulha “Limpopo”, 2TEN RN Jorge Nuno Alves Lopes, 2TEN RN
José Luís Saraiva Ramos na Direcção do Serviço de Instrução, 2TEN RN
José Jorge Geirinhas Mascarenhas no navio-patrulha “Geba”, 2TEN RN
José Paulo Xavier Marques e 2TEN AN RN Carlos José Castro da Silva
no Estado-Maior General das Forças Armadas, 2TEN RN José Carlos
Baptista dos Santos na LF “Bicuda”, 2TEN RN Luís Amândio Bandeira
Tavares no Comando da Flotilha de Draga-minas, 2TEN RN Luís Afonso
da Rosa Costa Guimarães e 2TEN AN RN José Alberto Pinheiro Pinto no
Instituto Hidrográfico, 2TEN RN Manuel Alves da Costa Manão e 2TEN
AN RN Manuel Martins Mendes Paulo no Grupo N.º 2 de Escolas da
Armada, 2TEN EMQ RN António Joaquim Manso no navio draga-minas “S.
Roque”, 2TEN EMQ RN Eduardo José Manso na Direcção Geral do Serviço
de Fomento Marítimo, 2TEN EMQ RN Rui Manuel Leitão Sequeira Lopes no
navio draga-minas “Lagoa”, 2TEN EMQ RN Serge Ruy Sinnes de Barbosa
Araújo no navio-patrulha “Boavista”, 2TEN AN RN António Maria Guerra
Pires, 2TEN AN RN Carlos Henriques de Almeida Figueiredo, 2TEN AN RN
Ivo Jorge de Almeida dos Santos Pinho, 2TEN AN RN José Manuel Silva
Mourato, 2TEN AN RN José Manuel Cardoso Ramalho Barbosa e 2TEN AN RN
Mário João Coutinho dos Santos na Superintendência dos Serviços
Financeiros, 2TEN AN RN Carlos Alberto da Silva Ribeiro na Escola
Naval, 2TEN AN RN João Manuel de Matos Fernandes e 2TEN AN RN
Rogério Manuel Farrajota Condessa na Direcção do Serviço de
Electricidade e Comunicações, 2TEN AN RN João Carlos de Oliveira
Costa Vieira, 2TEN AN RN José Nogueira de Paiva e Sousa, 2TEN AN RN
Manuel José Dias de Sousa e 2TEN AN RN Manuel António Van Stralen
Godinho de Almeida na Direcção do Serviço de Abastecimento, 2TEN AN
RN Rui Manuel Estanco Junqueira Lopes no Conselho Administrativo da
Administração Central de Marinha, 2TEN AN RN Victor Duarte Corado
Simões, 2TEN FZ RN Armando José Ferrão Canto e Silva, 2TEN FZ RN
Armindo Gonçalves Costa, 2TEN FZ RN Elísio José Fernandes Amaral
Neves, 2TEN FZ RN João Nunes Peres, 2TEN FZ RN Joaquim Raúl Lourenço
Gonçalves, 2TEN FZ RN Jorge Manuel Lopes Gonçalves e 2TEN FZ RN José
António Martins Pires Marinho na Força de Fuzileiros do Continente,
2TEN FZ RN António Joaquim Areias de Carvalho na Direcção do Serviço
de Pessoal – 2.ª Rep., 2TEN FZ RN António Ângelo Seixas Ferreira
Leite, 2TEN FZ RN Henrique Manuel de Barros Geraldes e 2TEN FZ RN
José da Conceição Góis na Escola de Fuzileiros.
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A Lancha de Desembarque Pequena
"LDP 107". |
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Timor (1 Oficial):
2TEN RN João António Martins Ribeiro de Carvalho no Comando de
Defesa Marítima de Timor.
Não
foi possível determinar o paradeiro dos seguintes 2 Oficiais:
2TEN EMQ RN José Manuel da Graça Rocha (fragata “Comandante Roberto
Ivens”) e 2TEN FZ RN António Soares Gomes Miguel (Pelotão n.º 9 de
Fuzileiros).
O 23.º CFORN, a
partir de 25 de Abril de 1974, acompanhou todo o processo que se
desenvolveu nos territórios ultramarinos, inclusivé porque muitos
dos seus elementos eram Comandantes de unidades navais ou
enquadravam unidades de fuzileiros.
A 27 de Março de 1975, todos os oficiais do
23º CFORN foram
promovidos a Sub-tenente RN, incluindo os que estavam na situação de
graduados. No final daquele ano a maioria deles foi licenciada.
Ingressaram nos Quadros Permanentes os 2TEN FZ RN José da Conceição
Gois, 2TEN FZ RN Benjamim de Jesus Correia, 2TEN FZ RN José Maria
Marques Bustorff Silva, 2TEN FZ RN José Manuel Lopes Pires e 2TEN FZ
RN Armando José Ferrão Canto e Silva.
http://www.reservanaval.pt/cursos/cursos.html
Fontes:
Texto do autor do blogue, compilado a partir de: Anuário da Reserva
Naval dos Comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto
Machado; Dicionário de Navios, Comandante Adelino Rodrigues da
Costa, 2006; Fuzileiros – Factos e Feitos na Guerra de África,
1961/1974, Luis Sanches de Baêna, 2006; apontamentos e fotografia de
curso cedidos pelo CMG FZE José da Conceição Gois, do 23º CFORN, que
mais tarde ingressou nos Quadros Permanentes; Arquivo de Marinha,
Revista da Armada e cedências pessoais de origens diversas.
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Manuel
Lema Santos
8.º CEORN |