Listagem completa do 22.º CFORN
Foi o primeiro curso realizado no ano de
1973 que, a exemplo de anos anteriores, seria assinalado pela
incorporação de dois cursos de formação de oficiais da Reserva
Naval.
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2TEN RN Artur Augusto Leal Mimoso – LFP “Alvor” e
2TEN RN José Carlos Faria da Conceição – LFP
“Aljezur”. |
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O despacho
Ministerial n.º 63 de 23 de Maio de 1972, relativo aos
Cursos e Instruções para Oficiais, Cadetes, Sargentos e
Praças para o Ano Escolar de 1972/73, estabelecia as bases
de recrutamento para os 22.º e 23.º CFORN’ s prevendo a
incorporação de 181 cadetes.
Entretanto, fora modificado o regime de promoções dos
Aspirantes RN designados para prestar serviço nas províncias
ultramarinas em comissões de duração superior a um ano. Até
então, os Aspirantes eram promovidos a Sub-tenente na data
de embarque para o ultramar, mas com o 22.º CFORN essa
promoção foi substituída pela graduação.
O 22.º CFORN foi alistado em 22 de Fevereiro de 1973 e
concluiu-se a 26 de Setembro de 1973. Foram incorporados 100
cadetes assim distribuídos pelas várias classes: 40 cadetes
na classe de Marinha, 25 cadetes na classe de Fuzileiros e
35 cadetes na classe de Técnicos Especialistas. De notar,
neste curso, a ausência de todas as outras classes.
Comandava a Escola Naval o Contra-Almirante José Augusto
Barahona Fernandes e foi Director de Instrução o Capitão de
Mar-e-Guerra Eugénio Eduardo da Silva Gameiro.
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O Contra-Almirante José Augusto
Barahona Fernandes, Comandante da Escola Naval e o
Capitão de Mar-e-Guerra Eugénio Eduardo da Silva
Gameiro, Director de Instrução. |
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No final do período de instrução, o
Prémio “Reserva Naval” foi entregue ao cadete da classe de Técnicos
Especialistas, Luis Henrique Martins Borges de Almeida. Este prémio
destinava-se a galardoar o aluno com classificação mais elevada no
conjunto da frequência escolar e da apreciação de carácter militar.
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O
cadete RN TE Luis Henriques Martins Borges de
Almeida, Prémio Reserva Naval. |
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Durante o ano de 1973 manteve-se o plano
de modernização da Marinha, ainda que se tenha mantido, de forma
quase inalterada, o dispositivo de navios da Armada. Foram
aumentados ao efectivo os navios-patrulha “Limpopo” e “Save”
e, já em 1974, vieram ainda reforçar aquele efectivo as LF’s “Açor”,
“Andorinha” e “Albatroz”.
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A Lancha de Fiscalização "Albatroz" atracada
com outros navios na Base Naval de Lisboa. |
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No decorrer do mesmo
ano de 1973, foram abatidos ao efectivo a fragata “Vasco da Gama”,
draga-minas “Pico” e corveta “Cacheu”. Já em 1974,
com a retracção do dispositivo naval, também como consequência do
final da Guerra do Ultramar, seguiram idêntico destino os
draga-minas “Corvo”, "Angra do Heroísmo”, “S.Jorge”, “Graciosa”,
“Ponta Delgada” e “S. Pedro”, a LDG “Montante”, as LFP’s “Bellatrix”
e “Regulus”, o submersível “Narval”, o navio-patrulha “Porto Santo”
e as LFG’s “Sagitário” e “Cassiopeia”.
Muitos oficiais da Reserva Naval desempenharam missões e viriam
ainda a fazê-lo neste tipo de navios, quer nos entretanto abatidos
quer nos aumentados ao efectivo, todos eles tendo representando um
papel relevante na História da Reserva Naval.
Ainda se manteve a mobilização de parte dos elementos deste curso
como Comandantes, Oficiais Imediatos de navios e Oficiais de
Guarnição. No entanto, na classe de Fuzileiros, por virtude do final
dos conflitos em África, houve uma significativa redução, tendo sido
até esta data o curso em que maior número de oficiais permaneceu no
Continente. Foram designados para prestar serviço em África, ou
Continente e Ilhas, os seguintes oficiais:
Guiné (9 Oficiais):
2TEN RN Ângelo Mariano Vasconcelos Gaspar Teixeira no Comando de
Defesa Marítima da Guiné, 2TEN RN António Manuel Mendonça Guerreiro
no navio-patrulha “Quanza”, 2TEN RN António Carlos de Oliveira
Ferreira na LFG “Cassiopeia”, 2TEN RN José Carlos Faria da Conceição
na LFP “Aljezur”, 2TEN FZE RN António Aurélio de Castro Moreira no
DFE 22, 2TEN FZE RN António José Ferreira Simões Vieira no DFE 12,
2TEN FZE RN José Manuel Simões Rodrigues de Castro no DFE 1, 2TEN
FZE RN José Manuel Carrajola Horta no DFE 5 e 2TEN TE RN José
Alfredo Lopes Ribeiro Gonçalves no Gabinete do Comandante-Chefe da
Guiné.
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Instalações Navais de Bissau - Serviço de Saúde. |
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Pelas 22:30 horas do dia 20 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral é
assassinado à porta da sua residência em Conacry, num crime
atribuído “convenientemente” á PIDE/DGS por uma opinião pública
internacional acicatada pelos países africanos. Aristides Pereira
assume funções como chefe interino do PAIGC.
No mês de Março surgem no teatro de operações da Guiné os mísseis
terra-ar Strella os quais, tendo como alvo as aeronaves, surtem um
tremendo efeito negativo na FAP e, consequentemente, nas operações
militares.
A 25 de Março foi abatido um Fiat G-91 no Cantanhês, pilotado pelo
TEN Pessoa que se ejectou com sucesso e, três dias depois, na região
de Madina do Boé uma parelha de Fiats G-91 é atacada com arma
desconhecida. Um dos pilotos, 2º Comandante da Zona Aérea de Cabo
Verde e Guiné, TCOR Brito ao picar para tentar identificar o alvo
foi atingido, ficando desfeito e morrendo o piloto. O seu asa
conseguiu regressar à base.
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Serviço de Assistência Oficinal em Bissau - O
lançamento de uma lancha à agua vendo-se, ao lado,
uma LFP no plano inclinado. |
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Na primeira semana de Abril um T6 é abatido por um míssil Strella e
despenhou-se causando a morte ao piloto. No dia 6 é novamente
abatido um DO 27 onde o Major Mariz Martins, comandante do COP 3,
efectuava um reconhecimento visual (RVIS), não havendo
sobreviventes.
Em 8 de Maio é iniciada pelo PAIGC uma violenta ofensiva contra
Guidage, junto à fronteira do Senegal. Em 11 de Maio grupos de
combate dos DFE’s 1 e 4 são enviados para o reforço da defesa
daquele aquartelamento, sofrendo uma baixa no dia 13.
No dia 18 de Maio, comandado por João Bernardo “Nino” Vieira o
inimigo desencadeia uma violenta ofensiva contra Guileje, localidade
no sul da Guiné que, situada num ponto vital da rota de
abastecimento do PAIGC, sem acesso por via fluvial, ficava
completamente isolada.
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Bolama - Centro de Preparação de Fuzileiros. |
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De 18 a 22 de Julho decorre o 2.º Congresso do PAIGC que fez a
revisão geral dos estatutos elegendo Aristides Pereira como
secretário-geral afirmando ser intenção do PAIGC proclamar a
independência, constituir um governo e criar estruturas
administrativas.
Em 6 de Agosto, o General Spínola regressa à Metrópole e é exonerado
do seu Comando, sendo substituído a 28 do mesmo mês pelo general
Bettencourt Rodrigues como Governador-Geral e Comandante-Chefe.
No mês de Outubro, mais uma vez os aliados americanos jogam a sua
cartada no cenário internacional. O Senado proíbe a Administração de
conceder a Portugal qualquer ajuda que permita a manutenção do
“Regime Colonial”. Por sua vez, nesse mesmo mês, o Governo Português
concede autorização aos EUA para utilizarem a Base das Lajes, nos
Açores, como escala de apoio a Israel na guerra do Yom Kippur.
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Bolama - Messe dos Oficiais do DFE 22. |
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Em Dezembro já a confiança nos aéreos se tinha restabelecido e,
conhecida a estratégia a utilizar para minimizar o efeito dos
mísseis Strella, recomeçaram os voos com alguma normalidade, embora
com redobrados cuidados.
No princípio de 1974, da Conferência Afro-Árabe sobre petróleo
sobressai a resolução que proíbe o acesso aos portos dos países
árabes de navios que transportem petróleo destinado à África do Sul,
Rodésia e Portugal.
Já então se começavam a processar com dificuldade as rendições das
Unidades no Ultramar devido, por um lado, ao prolongamento excessivo
de uma guerra em que alguns militares contavam já com três ou quatro
comissões e, por outro lado, à escassez de recursos materiais e
humanos.
O conflito agudiza-se. No início de Março as minas voltam a fazer
estragos no rio Cumbijã. No porto de Cufar interior, local onde
geralmente ficavam os batelões sem guarda por estarem próximo do
aquartelamento, o batelão dos combustíveis foi pelos ares, na altura
em que se encontravam vários trabalhadores a bordo, morrendo 20 a 30
estivadores a explosão.
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Cubisseco - Abrigo de morteiro na Tabanca Nova. |
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Em Abril os combates travavam-se com violência de forma
generalizada, recorrendo o inimigo a métodos cada vez mais
imaginativos e letais com baixas nas nossas forças. No rio Cacheu o
PAIGC redobrava esforços para conseguir com êxito as cambanças do
Sambuiá para sul mas os fuzileiros, com base em Ganturé opunham-se
sistematicamente ao abastecimento por essa via.
Nesse mês nos dias 19 e 22 as patrulhas de botes do DFE 1 são
violentamente emboscadas nas clareiras de Jagali e Leto, sofrendo um
morto e três feridos graves. Foi o último fuzileiro a morrer em
combate no Ultramar, vítima de uma granada de RPG7.
No dia 25 de Abril o levantamento militar na Metrópole depõe o
regime do Estado Novo originando também grande confusão nos
militares que se mantinham em campanha com reacções diversas. Embora
com abrandamento a guerra mantem-se e em Junho inicia-se a retracção
das forças no terreno.
Em Bissau são reforçadas as forças de vigilância e segurança. Em 25
de Agosto, são desactivadas as unidades de fuzileiros que se
encontravam em Bolama, os DFE’ s 21, 22 e 23 que, depois de
formados, apenas entregaram o armamento distribuído com instruções
directas do respectivo comando, sendo de todo ineficaz a tentativa
de contacto por um representante do PAIGC que ali se encontrava para
o efeito.
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LFG "Orion" a navegar no rio Cacheu, sendo visíveis
apontador e municiador da peça Bofors de vante. |
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Assinaladas algumas contradições nas entregas dos diversos
aquartelamentios ao PAIGC. No sul, em Jemberém, Cameconde, Gadamael
e por fim Cacine, com guarda de honra em formatura mista, a toque de
clarim do exército, procede-se à cerimónia do arriar da Bandeira
Nacional e ao içar da Bandeira do PAIGC.
Em Vila Cacheu, o comandante* do DFE 4, excelente oficial, magnífico
operacional e grande patriota, evitando o enxovalho a que estavam a
ser sujeitas as Forças Armadas, após ter embarcado nas viaturas todo
o material, forma o Destacamento e com as honras do estilo, manda
arriar pela última vez a Bandeira Nacional e, de seguida, manda
derrubar o mastro , já que “onde esteve içada a Bandeira
Portuguesa mais nenhuma haveria de subir”. De seguida deu
ordens ao pessoal para embarcar, não aguardando sequer que alguém do
PAIGC se apresentasse a reclamar a posse das instalações antes de
serem abandonadas.
Em 10 de Setembro Portugal reconhece legalmente a Guiné-Bissau como
Estado soberano e a 30 de Outubro regressa a Portugal o DFE 5 a
última Unidade de Fuzileiros na Guiné.
* 2TEN FZE RN Pedro Henrique Malheiro Ribas de Meneses, oficial
da Reserva Naval do 16.º CFORN.
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Novembro de 1972 - Porta de Armas do aquartelamento
da Vila de Farim. |
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Cabo Verde (6 Oficiais):
2TEN RN Álvaro Eduardo Osório de Meneses Bastos na Corveta “António
Enes”, 2TEN RN António Manuel Vinagre Alfaiate no navio-hidrográfico
“Shultz Xavier”, 2TEN RN João Rodrigues Oliveira na LF “Dom Aleixo”,
2TEN RN Jorge Manuel Mesquita Gaspar de Barros no Comando Naval de
Cabo Verde, 2TEN RN José Manuel de Lemos Gonçalves da Costa na
navio-patrulha “Zambeze” e 2TEN RN José Miguel de Azambuja Cardoso
Ayres na corveta “Augusto Castilho”.
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A
corveta António Enes em Cabo Verde. |
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Angola (9 Oficiais):
2TEN RN António Fernando de Brito Castilho Dias na navio-patrulha “Rovuma”,
2TEN RN Emílio Manuel da Mata Pereira no navio-patrulha “Cunene”,
2TEN RN Francisco Manuel dos Santos Ferreira e 2TEN RN Rui Alberto
de Almeida Cavaca Marcos na fragata “Comandante Sacadura Cabral”,
2TEN RN João Manuel da Silveira Malheiro Távora no navio-patrulha “Cacine”,
2TEN RN José Gil Barreto Coucello na LFP “Vénus”, 2TEN RN José
António Barreto de Almeida Barreiros na fragata “Comandante Roberto
Ivens”, 2TEN RN Rui Manuel Macedo Ferreira Marques na fragata
“Comandante Hermenegildo Capelo” e 2TEN FZ RN Manuel Monteiro da
Costa na CF 1.
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Angola - Os meandros do rio Cuito. |
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No teatro de Angola, as acções armadas inimigas, tinham vindo a
diminuir francamente no ano de 1972 em relação ao ano anterior,
salvo ligeiro crescimento no recurso à colocação de engenhos
explosivos. No enclave de Cabinda a situação encontrava-se calma,
sem iniciativa de acções bélicas, o mesmo se passando tanto no norte
como na frente leste. Somente o Cuango revelava ligeiro aumento de
actividade.
O dia 2 de Junho de 1973 ficou assinalado por um brutal incidente
que ficou assinalado como um trágico marco da guerra dos Fuzileiros,
em geral, e da Reserva Naval, em particular. Uma pequena coluna de
duas viaturas que se deslocara do Chilombo à Lumbala para ir buscar
correio, foi violentamente emboscada num percurso onde não havia
histórico de actividades hostis.
A acção causou 3 mortos e um ferido aos fuzileiros do pelotão da CF
1 que se encontrava no Chilombo a apoiar o DFE 10. Um dos mortos, o
STEN FZ RN António Bernardino Apolónio Piteira, oficial da Reserva
Naval, do 18.º CFORN, foi o único oficial da Marinha de Guerra morto
em combate durante os 13 anos de guerra.
A ofensiva internacional contra Portugal e os países do sul de
África, acentuava-se no final de 1973. O encerramento da 28.ª sessão
da Assembleia Geral da ONU marcou pela posição anti-portuguesa, ao
aceitar a alegada independência da Guiné como acto consumado e
indiscutível, definindo Portugal como potência ocupante e ilegal.
O maior perigo real era o representado pelos engenhos explosivos que
continuavam a causar estragos quando menos se esperava. A
preocupação com o transporte de pessoal a longa distâncias
constituía então uma preocupação permanente, já que a Marinha não
dispunha de meios próprios.
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A pista de aviação do Cuito - Canavale. |
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O inimigo dava mostras de estar a ceder em todas as frentes. Em toda
a região que constituía a Zona Militar Leste, até à última semana de
Janeiro apenas tinha sido registada uma acção de fogo inimiga em
reacção às forças militares portuguesas, duas acções de intimidação
contra populações e a destruição de uma ponte pela UNITA.
Na última semana de Junho a actuação do IN era ainda mais reduzida
não se registando qualquer actividade na área de guerrilha da UNITA
registando-se o levantamento de quatro engenhos explosivos e o
accionamento de outro na área de infiltração do MPLA.
No inicio de 1974, a animosidade contra Portugal manifestada pela
comunidade internacional acentuava-se cada vez mais, espicaçada
pelos países afro-asiáticos. Os países manifestavam ou um discreto
apoio, uma neutralidade titubeante ou mesmo uma aberta rejeição à
política portuguesa, como sucedeu com a generalidade dos povos
escandinavos.
E 22 de Março, em Genebra, era adoptada uma proposta apresentada
pelos Estados do Terceiro Mundo na 30.ª sessão da Comissão dos
Direitos do Homem, no sentido de serem consideradas “as guerras
contra a dominação estrangeira, guerras contra o colonialismo e
racismo como guerras justas", tal como as guerras de
autodeterminação.
Na mesma altura era aprovada na conferência da Organização
Internacional do Trabalho, realizada em Conacry, uma resolução
apontando para a expulsão de Portugal daquele organismo.
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A Estação Radionaval de S. Tomé. |
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Sucediam-se as greves e manifestações na oposição à guerra que,
lentamente, ia crescendo nos meios operários e estudantis
portugueses, de imediato utilizada como propaganda pelos movimentos
pró-independentistas.
Em 15 de Abril de 1974, através da rádios, o MPLA difunde as suas
mensagens afirmando que, em Lisboa, circulava clandestinamente um
documento assinado pelo Movimento dos Capitães a preconizar uma
solução política para a Guerra do Ultramar, uma vez que considera a
vitória pelas armas impossível.
No dia 25 de Abril, um levantamento militar em Portugal degenerou
numa revolução que, no escasso tempo de algumas horas, depôs o
regime vigente e tomou conta do poder, elegendo uma Junta de
Salvação Nacional como modo de assegurar o imediato controlo da
Nação.
A Marinha seguia com atenta preocupação o evoluir da situação
interna do território. generalizava-se a tendência para o
desentendimento entre os movimentos emancipalistas com distúrbios em
vários locais, especialmente em Luanda, e o apelo à continuação da
luta armada até à total independência da Angola.
Entre Junho e Agosto, depois de uma larga sucessão de nomeações,
substituições e negociações entre Forças Armadas, Comandante-Chefe e
Movimentos, é nomeado um Alto-Comissário para as negociações. A
Marinha começa a retrair o dispositivo no território mantendo a
vigilância e guarda de instalações militares.
Em 15 de Outubro, depois da readmissão de Portugal na UNESCO em
Setembro, são suspensas todas as operações contra elementos e grupos
da FNLA e, a partir do dia 25 do mesmo mês, com a assinatura formal
do acordo de cessação de hostilidades entre representantes
portugueses e uma delegação do MPLA chefiada por Agostinho Neto,
terminaram oficialmente as acções violentas dos movimentos
emancipalistas em Angola.
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Luanda - Instalações Navais da Ilha do Cabo. |
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Daquela data para a frente retrair-se-ia progressivamente o
dispositivo militar, embora continuassem a verificar-se elevado
número de incidentes, roubos e distúrbios, por vezes envolvendo
confrontos raciais. No final do ano vivia-se em Angola um enorme
caos político e social.
No meio da confusão onde grassava a "organização desorganizada",
a Marinha embora sujeita a pressões revolucionárias conseguiu manter
a coesão interna numa prévia preparação para abandonar Angola.
Moçambique (13 Oficiais):
2TEN RN Luís Vasconcelos Fontoura Madureira na LFP “Vega”, 2TEN RN
Luís Frederico de Sampaio Borges de Sousa na LFP “Júpiter”, 2TEN RN
Paulo Jorge Gonçalves Bárcea na LFP “Sirius”, 2TEN RN Vicente Manuel
de Castro Apolinário na LFP “Sabre”, 2TEN FZ RN António Pedro
Queiroz Vendrell Santos, 2TEN FZ RN Evangelista da Silva Coelho,
2TEN FZ RN Francisco Maria Castel Branco Potes Cordovil e 2TEN FZ RN
João Sérgio dos Santos Cardoso na CF 10, 2TEN FZ RN João Manuel
Machado Viegas Malheiro na CF 9, 2TEN FZE RN Joaquim dos Santos
Pereira Costa e 2TEN FZE RN Miguel António Alcântara Pita no DFE 3,
2TEN FZE RN Leopoldo Maria Lemos da Cunha Matos e 2TEN FZE RN Rui
Carlos Pereira da Fonseca Lopes no DFE 8.
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Rio Zambeze - A LFP "Sabre". |
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Logo no início de 1973 a ONU anunciou que iria realizar em Oslo,
entre 9 e 14 de Abril, uma conferência internacional sobre o
colonialismo e o apartheid, no qual no qual iriam participar além de
representantes dos órgãos pemanentes daquela organização,
representantes de nove movimentos de libertação africanos, com
enorme destaque na imprensa mundial. Simultaneamente, grupos
anti-colonialistas e contra o apartheid, preparavam uma campanha com
reuniões na Alemanha, Noruega, Holanda, Suiça e ainda em Londres.
No estrangeiro, continuavam a levantar-se cada vez mais vozes contra
Portugal, quer por parte dos países quer mesmo por organizações não
governamentais. Em Março, foi a Organização Internacional de
Aeronáutica Civil que aprovou, em sessão relaizada na sua sede em
Nova Iorque, uma moção que afastava Portugal das suas reuniões. A
aprovação foi obtida por maioria com votos favoráveis dos países
africanos e asiáticos, e os votos contrários dos EUA, Nova Zelândia
e a maior parte dos países europeus.
Por esta altura, a Dinamarca, Finlândia e Suécia sugeriram a
colocação de uma força militar à disposição da ONU, pronta a
deslocar-se para qualquer parte do mundo. Em Moçambique fora também
constituído o Comando da Defesa Marítima do Zambeze, para apoio ao
dispositivo militar naval em operações na bacia do Zambeze e em
especial na região de Tete.
A guerra em Moçambique continuava a desenrolar-se frente a um
inimigo que evitava o confronto directo, optando preferencialmente
por espalhar minas e armadilhas em tudo quanto era estrada ou
itinerários. Apesar de muitas serem detectadas, levantadas ou
destruídas continuavam ainda a ser responsáveis pela maioria das
baxas que as nossas forças sofriam no teatro de operações.
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Niassa - O Monte Tchifuli, fronteiro à Base
Naval de Metangula. |
Os países da
Liga Árabe reunidos numa conferência de alto nível em Argel decidem
cortar todas as relações com Portugal, Rodésia, República da África
do Sul e decretam o embargo do petróleo a estes países, ao mesmo
tempo que aprovam o aumento da assistência financeira aos movimentos
de libertação que lutam contra “os regimes colonialistas” em África.
Enquanto isso, a auto-proclamada República da Guiné-Bissau é
reconhecida por 73 países; o Egipto pede a expulsão de Portugal da
OIT; a OUA/ONU pressionam o Vaticano, pretendendo que a Santa Sé
tome uma posição nitidamente desfavorável a Portugal.
No final de 1973 deixaram de ser avistados nas imediações do porto
da Beira os navios de guerra ingleses empenhados no bloqueio àquele
porto.
Em Abril, a revolução que estalou na Metrópole não teve efeitos
imediatos em Moçambique onde, apesar do notório abrandamento, as
operações continuaram até ser assinado o cessar-fogo, o que veio a
suceder em 7 de Setembro em Lusaca, entre o Estado Português e a
FRELIMO.
A confusão generalizada instala-se e, a Marinha, enquanto retrai o
dispositivo no território, tem como preocupação manter a vigilância
e segurança de instalações e população.
A 1 de Outubro o Comando Naval de Moçambique informa os comandos
subordinados de que fora acordado o cessar-fogo a partir da
meia-noite e um minuto do dia 8 de Setembro daquele ano.
Continente e Ilhas (60 Oficiais):
2TEN RN Abílio Simões de Oliveira Pinheiro no navio-patrulha “Save”,
2TEN RN Agostinho da Cunha Almeida e 2TEN RN Nuno Manuel Casais
Monteiro no navio-hidrográfico “Almeida Carvalho”, 2TEN RN Amílcar
Gomes da Silva e 2TEN RN Valdemar Geraldo Taborda na fragata “Pêro
Escobar”, 2TEN RN António Luís Carvalho de Matos e Silva, 2TEN RN
Joaquim Manuel Teixeira Nunes Barata, 2TEN TE RN Joaquim José Coelho
de Sousa Ribeiro e 2TEN TE RN Jorge Ferreira Sinde Monteiro no
Estado-Maior da Armada, 2TEN RN António Ângelo Alves Roque Graça e
2TEN TE RN Jorge Manuel Correia Guerreiro na Direcção do Serviço de
Pessoal – 1.ª Rep., 2TEN RN Artur Augusto Leal Mimoso, 2TEN RN
Norberto Veiga de Sousa Fernandes e 2TEN TE RN António Neves Duarte
Teodoro no Grupo N.º 2 de Escolas da Armada, 2TEN TE RN Aníbal
Pereira Dias e 2TEN TE RN Manuel António Rato Rolão Santos no Grupo
N.º 2 de Escolas da Armada (EAN), 2TEN RN Carlos Manuel Miranda
Correia no navio-patrulha “Boavista”, 2TEN RN Custódio Alexandre
Rouxinol Miguens na LF “Cruzeiro do Sul”, 2TEN RN Eduardo Manuel
Pontes Amaro e 2TEN TE RN José António de Melo Pinto Ribeiro na
Escola Naval, 2TEN RN Eduardo José Rebelo Ferreira na LF “Albatroz”,
2TEN RN Fernando Manuel Clavel Leite de Castro no navio draga-minas
“Horta”, 2TEN RN José Abel Ferreira de Andrade, 2TEN RN Manuel Mário
Correia de Almeida, 2TEN TE RN José Alberto Teixeira, 2TEN TE RN
José Manuel Silva Ferreira da Costa, 2TEN TE RN Luís Manuel Vilela
Pinto e 2TEN TE RN Paulo de Medeiros Enes Ferreira no Grupo N.º 1 de
Escolas da Armada, 2TEN RN Manuel da Silva Rosa no navio draga-minas
“Lajes”, 2TEN FZ RN António Humberto Baptista Dias, 2TEN FZ RN
Carlos Joaquim Ovelheira dos Santos Barros, 2TEN FZ RN Carlos Manuel
de Oliveira Alves, 2TEN FZ RN Jorge Filipe dos Santos Duarte, 2TEN
FZ RN José Joaquim Ribeiro Andrade, 2TEN TE RN Jorge Manuel Fortes
Camões Costa, 2TEN TE RN José Alexandre da Costa Parada Monteiro e
2TEN TE RN Victor Manuel da Gama Faria na Escola de Fuzileiros, 2TEN
FZ RN Gabriel Caldas de Antas de Barros, 2TEN FZ RN José Lopes da
Cruz, 2TEN FZ RN Luís Miguel Beltran Franco e 2TEN TE RN José
Alberto Mendes de Almeida na Força de Fuzileiros do Continente, 2TEN
TE RN António Fernando Sousa da Silva, 2TEN TE RN António Manuel
Carvalho Pinto, 2TEN TE RN Hugo João Reinhardt Beirão da Veiga, 2TEN
TE RN José Emílio da Costa Cruces e 2TEN TE RN Luís Eduardo Lopes
Pimentel no Instituto Hidrográfico, 2TEN TE RN António Amadeu Terra
Ferreira Bastos na Chefia do Serviço de Justiça, 2TEN TE RN Augusto
Afonso de Albuquerque, 2TEN TE RN Joaquim Armando Ferreira da Silva
Filipe, 2TEN TE RN José Alberto Baptista de Allen Lima e 2TEN TE RN
Luís Henriques Martins Borges de Almeida na Direcção do Serviço de
Electricidade e Comunicações, 2TEN TEN RN Carlos Maria da Rocha
Pinheiro Torres e 2TEN TE RN João Manuel Franqueira de Castro e
Sousa na Direcção Geral dos Serviços de Fomento Marítimo, 2TEN TEN
RN Edgar Manuel Fernandes Martins na Direcção do Serviço de
Abastecimento, 2TEN TE RN João Manuel Jorge Sousa Jardim na Direcção
das Construções Navais, 2TEN TE RN José Manuel da Luz Bravo Ferreira
na Direcção do Serviço de Administração Naval, 2TEN TE RN Júlio
António da Silva Appleton e 2TEN TE RN Licínio Catarino de Carvalho
na Direcção de Infra-Estruturas Navais, 2TEN TE RN Luís Filipe
Salgado de Matos no Ministério da Coordenação Interterritorial e
2TEN TE RN Miguel Camargo de Sousa Eiró na Direcção do Serviço de
Pessoal – 1.ª Rep. (SGDN).
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O
navio-patrulha "Boavista". |
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Nota:
Não foi possível determinar o paradeiro dos seguintes 3 Oficiais:
2TEN FZ RN Alberto Guilherme Pereira Pimentel Aguiar (Pelotão n.º 9
de Fuzileiros), 2TEN FZ RN Carlos Alberto Rocha Alves (Pelotão n.º 8
de Fuzileiros e 2TEN FZ RN Manuel Cirilo Rocha de Oliveira Cruz
(Pelotão n.º 8 de Fuzileiros).
O 22.º CFORN, a
partir de 25 de Abril de 1974, acompanhou todo o processo que se
desenvolveu nos territórios ultramarinos, inclusivé porque muitos
dos seus elementos eram Comandantes de unidades navais ou
enquadravam unidades de fuzileiros.
Os oficiais pertencentes ao 22.º CFORN começaram a ser licenciados a
partir de Setembro de 1975. Ingressaram nos Quadros Permanentes os
2TEN FZ RN Jorge Filipe dos Santos Duarte e 2TEN FZ RN José Manuel
Simões Rodrigues de Castro Elias.
Os Cursos da Reserva Naval
Fontes:
Texto do autor do blogue, compilado a partir de: Anuário da Reserva
Naval dos Comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto
Machado; Dicionário de Navios, Comandante Adelino Rodrigues da
Costa, 2006; Fuzileiros – Factos e Feitos na Guerra de África,
1961/1974, Luis Sanches de Baêna, 2006; Fotos do Arquivo de Marinha,
Revista da Armada e cedências pessoais de origens diversas.
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Manuel Lema Santos
8.º CEORN |