Listagem completa do 4.º CEORN
O ano de 1961 ficou na História de
Portugal como um ano de viragem, resultante de uma sequência de
acontecimentos que apenas teriam um desfecho em 1974.
Foi em 6 de Outubro de 1961 que a
Escola Naval recebeu o
4.º Curso Especial de Oficiais da Reserva
Naval, curso marcado pela invasão do Estado Português da Índia,
pela União Indiana, em 18 de Dezembro e, já anteriormente, em 4
de Fevereiro, pelo início da insurreição em Angola, início de um
guerra terminada em 1974 e alastrada, entretanto, a Moçambique e
à Guiné.
África foi o
destino dos primeiros RN’s, saídos ainda do 3.º Curso, traçando
desde logo a rota para os integrantes dos cursos seguintes.
Era então Comandante e 1.º Director
da Escola Naval, o Comodoro Laurindo Henriques
dos Santos que rendera no cargo o CALM Manoel Maria
Sarmento Rodrigues (em cima, à esquerda).
Deste 4.º CEORN, foi Director
de Instrução o CTEN Paulo
Belmarço da Costa Santos (em cima, à direita).
O patrono do curso foi Nuno
Tristão, navegador a quem o Infante D. Henrique confiou, em
1441, a exploração da costa africana. Descobridor do Cabo
Branco, atingiu em 1444 a costa do Senegal. Dois anos após,
naquela que viria a ser a sua última expedição, foi morto por
indígenas na foz do Salum, a norte do rio Gâmbia.
Incorporando 44 cadetes, foi o
primeiro curso a receber a classe de Fuzileiros da Reserva
Naval, no seguimento da criação em 24 de Fevereiro de 1961, da
classe de Fuzileiros para Sargentos e Praças.
Foi desta classe e deste curso que
se verificou a primeira reprovação de um cadete RN, o qual foi
abatido à Reserva Naval e incorporado, como primeiro-grumete
escriturário, destacando para o Corpo de Marinheiros da Armada
e, mais tarde, mobilizado para uma comissão de serviço na Guiné.
Quarenta e quatro cadetes, sendo 22
de Marinha, 3 de Saúde Naval, 3 Engenheiros Maquinistas, 7 de
Administração e 9 Fuzileiros, passaram pela Escola Naval, Escola
de Artilharia, Grupo n.º1 de Escolas da Armada, em Vila
Franca de Xira, Escola de Limitação de Avarias, Hospital de
Marinha, Base Naval de Lisboa e Escola de Fuzileiros, em Vale
do Zebro, cursando diferentes áreas e habilitando-se com as
matérias próprias de cada especialidade.
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Na
Escola Naval, em pé: Osório de Barros, Garcia e
Costa, Oliveira e Silva, Costa Miranda, Ferraz de
Abreu, Silva Bastos, Almeida Pinto, Cardoso da
Silva, Fernandes Sequeira
José Burnay. Em baixo: Leal de Melo e Salazar Ferro |
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Na
Escola de Limitação de Avarias (da esq. para a
dir.):
Pires de Lima, Cardoso da Silva, Salazar Ferro,
Martins Figueira, Fernandes Sequeira e Oliveira e
Silva |
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Aí foram tomando conhecimento mais
directo com a Marinha, estabelecendo os primeiros contactos com
profissionais instrutores – oficiais e sargentos – muitos deles
reencontrados após a promoção a oficial da Reserva Naval.
Algumas referências de memória para os cadetes deste curso,
foram os 1.ºs tenentes Francisco Viriato de Castro
Guise, na Marinharia, Vítor Manuel Trigueiros Crespo, no
Armamento Ligeiro, Vasco Leote de Almeida e Costa e José
Fernandes Martins e Silva, na Educação Física, Rodolfo da
Veiga Prata de Vasconcelos Castelo, na Navegação Costeira e
Cálculos Náuticos, João José Ribeiro Pacheco e João
Cristóvão Moreira, nas Comunicações, João Garcês Correia,
na Luta Anti-submarina, Joaquim Aguiar Neves Lopes, nas
Informações de Combate. Também os Comandantes
Eugénio Eduardo da Silva Gameiro, na Navegação
Astronómica, Avelino
Teixeira da Mota em Administração e Regulamentos e João
Zodíaco Fernandes, na Escola de Limitação de Avarias.
Aqui memória ainda para o 1.º Tenente António Vasco de
Magalhães Martinha.
Na Escola de Artilharia Naval
referência para o Comandante Manuel de Sousa Barbosa e
para os 1.ºs tenentes José Manuel Monteiro Fiadeiro e
Afonso Telo Marques Carneiro, bem como para o Sargento
Abel Afonso, este também instrutor de Infantaria, como
auxiliar do Comandante Armando Saturnino Monteiro,
comandante do Corpo de Alunos da Escola Naval.
Ao longo do 1.º período, passado na
Escola Naval, foi proporcionado aos cadetes, largadas para o
mar, numa primeira experiência e contacto com a vida a bordo, em
embarques de fim-de-semana no Draga-Minas “Ribeira
Grande”. A primeira saída teve como destino o porto de Portimão,
entre os dias 15 e 17 de Dezembro.
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Em
pé: Leal de Melo, Almeida Pinto, Garcia e Costa,
José Figueira, Fonseca Luz, Oliveira e Silva e Pires
de Lima
Sentados: Salazar Ferro e Magalhães Salgado |
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Para a viagem de instrução, em Março
de 1962, o curso foi dividido em duas partes, embarcando a
classe de Marinha na Fragata “Corte Real”, navegando durante
duas semanas ao longo da Costa, enquanto as restantes classes,
embarcadas na Fragata “Pero Escobar”, tocavam Ponta Delgada,
Funchal e Portimão.
Na 2.ª quinzena desse mês,
efectuou-se a troca dos cadetes dos dois navios, com os mesmos
destinos.
Comandavam estes navios, o CFR
Alberto Alves Lopes, ainda nesse mês rendido pelo CFR
Henrique Eduardo Vosgien de Noronha, na “Corte Real”, e o CFR
António José de Barros Vieira Coelho, a “Pero Escobar”.
Seguiu-se o juramento de Bandeira
presidido pelo Ministro da Marinha, CALM Fernando
Quintanilha Mendonça Dias, no dia 30 de Abril e a entrega ao
cadete EMQ Luís Gonzaga de Castro Mendes de Almeida
do Prémio Reserva Naval, por ter sido o aluno mais
classificado no conjunto da média de frequência escolar e da
classificação de carácter militar.
A promoção a Aspirante RN tem a data
de 1 de Maio e o destacamento para as várias Unidades foi o
passo seguinte dos componentes deste Curso.
É também deste curso o primeiro
oficial, na História da Reserva Naval, a concluir o curso de
Fuzileiro Especial. Embora pertencente à classe de Marinha, João
Pedro Gião Toscano Rico ofereceu-se para a sua frequência, tendo
sido mobilizado após a conclusão da especialidade e integrado no
Destacamento N.º 1 de FZE, de que foi Comandante o 1.º
tenente Henrique Coelho Metzner, Imediato o 2.º tenente
Luís Camós de Oliveira Rego e 3.º oficial o 2.º tenente
José Júlio Neto Abrantes Serra. Toscano Rico foi o 4.º Oficial
deste Destacamento embarcando para Angola em 10 de Novembro de
1962.
É ainda do
4.º CEORN o primeiro oficial da Reserva Naval a atingir o posto
de 1.º tenente RN. Após sucessivas prorrogações voluntárias de
prestação de serviço, José Manuel de Carvalho Garcia e Costa foi
promovido a este posto, em 12 de Março de 1969.
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ASP
RN Luis Gonzaga de Castro Mendes de Almeida |
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2TEN FZE RN João Pedro
Gião Toscano Rico |
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1TEN RN José Manuel de Carvalho Garcia e Costa |
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Foi ainda este curso que forneceu a
maioria dos oficiais que integraram as Companhias n .º 1 e n.º 2
de Fuzileiros, destacadas respectivamente, em Angola e em
Moçambique.
Na Companhia n.º 1, sob o comando do
1.º tenente Joaquim Alberto Pires Dias e sendo Imediato o
2.º tenente António Luciano de Sá Homem de Gouveia,
prestaram serviço José Máximo de Brito e Castro, Armando Garrido
Pais e Silva, Humberto Jorge Santana e José Cardoso Moniz, estes
dois últimos integrando mais tarde o QP da Armada onde
alcançaram o posto de CMG.
Ainda desta Companhia, o 2.º
tenente médico Eduardo Magalhães Crespo, oriundo do 3.º
CEORN, que viria também a fazer parte do QP da Marinha.
Sob o comando do 1.º tenente
José Carlos Borges Delgado, na Companhia n.º 2, cujo oficial
Imediato era o 2.º tenente José Manuel Ilharco de Moura,
prestaram serviço Luís França e Sousa, José Maria Abecassis,
Carlos Alberto Costa Miranda, estes três da classe de Marinha,
Alexandre Cruz Mendes, da classe de Fuzileiros e o médico
António Santos Magalhães.
Não foram estas as únicas
mobilizações para o Ultramar dos oficiais do 4.º CEORN. Em 1963
tiveram lugar as primeiras rendições nas Lanchas de
Fiscalização, até então comandadas pelos oficiais da Reserva
Naval do 3.º Curso.
Para Angola seguiram José Manuel
Garcia e Costa, António Jorge de Almeida Pinto e José Augusto
Pires de Lima, assumindo o comando, respectivamente, das LFP’s
“Espiga”, “Pollux” e “Fomalhaut”. Para a Guiné, para o comando
das LFP’s “Bellatrix”, “Deneb” e “Canopus” seguiram Ruy Osório
de Barros, José Manuel Burnay e Luís Pinto Fernandes Sequeira.
Outras movimentações para África,
ainda deste curso, levaram para o Comando Naval de
Moçambique, Renato Fernando de Oliveira e Silva e José Maria
Lemos de Macedo; para o Comando Naval de Angola, Benjamim
Esaguy Doukarsky e Francisco Lisbão Rodrigues e para o Comando
da Defesa Marítima da Guiné, Fernando Vilarinho Pereira,
José Martins Figueira e António Mendes de Sousa.
Este curso teve ainda acção
relevante, através de João Marcelino Bravo Queiróz, de Alfredo
Melo de Carvalho e de António Fonseca e Costa, da classe de
Fuzileiros, licenciados pelo Instituto Superior de Educação
Física (INEF), no reforço do corpo de instrutores do Centro de
Educação Física da Armada. Foi ainda um curso saliente nos
campeonatos de atletismo e de natação da Armada, com diversas
provas ganhas nas duas modalidades.
A maioria dos oficiais do 4.º CEORN
foi licenciada ao longo do ano de 1964, tendo alguns dos seus
elementos prorrogado o tempo de serviço, como foi o caso
referido de José Manuel Garcia e Costa, até à data da sua
promoção a 1.º tenente RN e de António Jorge Silva de Almeida
Pinto, como instrutor na Escola de Alunos no GR1 de Escolas da
Armada, em Vila Franca de Xira.
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